segunda-feira, 21 de maio de 2012

Um dia simples e cheio de significado - A simple, but meaningful day

O terceiro dia começou bem tarde e a primeira pessoa que encontrei foi a minha reservada e tímida irmã russa adolescente, Samantha. Não rolou mais do que um simples bom dia e ela logo desapareceu na direção de seu quarto. Depois disso, só a vi rapidamente à tarde e nada mais. Espero que amanhã possamos ter novas oportunidades.

A casa estava vazia e nenhum sinal de vida pude encontrar. Tomei o meu café-almoço e retornei para o quarto na tentativa de finalizar o post anterior.

Algum tempo se passou até que rangidos ecoaram por todo o assoalho da casa completamente feita de madeira e a oportunidade de fazer contato com alguém se reacendeu. Abri a porta e nada. Talvez alguém tenha ido ao banheiro. Resolvi deixar a porta aberta enquanto trabalhava no iPad. Depois de um tempo, voltava Samantha do banheiro com uma toalha envolvendo seus cabelos, sinal de que acabara de sair do banho. Um pouco constrangida de olhar para dentro do meu quarto, algo realmente inevitável, seguiu mais uma vez silenciosamente o seu rumo. Talvez deixar a porta entreaberta pudesse render melhores frutos.

Voltei à redação e, após algum tempo distraído, notei uma presença diante da porta. Não havia ninguém, apenas um balão comemorativo do aniverário de Eyad, meu irmão árabe. Enfim, apenas guardei o simpático "happy birthday" comigo e continuei sozinho debruçado sobre a escrivaninha.

A vez seguinte foi a do meu pai que, nada tímido, perguntou sobre a noite anterior. Se macaco quer banana? Ah, logo aproveitei a chance e passamos um grande tempo conversando enquanto ele consertava a fechadura da porta do quarto do meu futuro irmão japonês. Aqui é assim, cada oportunidade que surge precisa ser aproveitada para praticar e aprender o ao máximo o idioma. Além disso, Michael e Ellen são sempre pessoas muito agradáveis de se ter por perto e sua disposição em desenvolver um belo dedo de prosa está sempre presente, o que sugere aquele delicioso gostinho de se sentir em casa.

Como papear com ele faz com que não vejamos a hora passar, notei que precisava sair o mais rápido possível para tentar pegar as lojas do Eaton Centre abertas e solucionar o problema das fotos aqui no blog. Daí já viu né, o mister atrapalhadinho da Estrela aqui saiu todo atrasado rumo ao metrô.

Chegando ao shopping, foi impossível não me encantar com a quantidade de vida que se manifesta naquela simples esquina da Yonge com a Dundas St. Batman e Homem Aranha posando para fotos ao lado de radiantes crianças sorridentes, a mulher estátua com roupas do século passado executando seu glorioso espetáculo, os rapazes sem camisa realizando seus inúmeros passos de "street dance", o grupo religioso que alertava sobre o fim do mundo e o jovem e descolado cabeludo que manipulava a esfera translúcida por sobre os braços, costas e pescoço, tudo ali acontecendo assim, numa simples e admirável comunhão.

Após muito andar e finalmente localizar as lojas da Sony, Future Shop, Apple e, pode ficar feliz Jackie, da Michael Kors, dentro do grandioso Eaton Centre, concluí que não daria pra resolver o problema das fotos naquele momento. Sabem o que foi? Ainda se lembram de que alguém muito figura foi pra Londres e não carregou consigo uma básica câmera fotográfica? Pois é, acho que ele deve ter ido pra lá na companhia do mesmo Zé que veio pra cá, com a diferença de que o canadense é um tantinho menos lerdo e se lembrou de trazer a máquina, mas trocou o cabo USB pelo RCV.

Então, frustrado e sem perspectivas de resolver esse problema, pois o mesmo já não é mais fabricado por ser de um modelo muito antigo, segui sem rumo pelas ruas de "Downtown Toronto".

Foi então que um sino ecoou e chamou minha atenção. Uma grande igreja e ao fundo um belo céu azul iluminaram meu sentido predileto. Uma imagem que modificou os anseios do meu coração. E adivinha só o que tinha logo ao lado! A fantástica prefeitura da cidade. Construída lá nos idos dos anos 60 e ainda com seu ar de modernidade. Fotos, fotos e mais fotos transbordaram num clic-clic sem parar.

Recobrada a auto-estima e animação, era hora de retornar aos Gabriels, pois é dia de churrasco e a família inteira já deveria me esperar, além do novo "cuia" (irmão mais velho em filipino) vindo diretamente do Japão.

Cheguei em casa, tirei o tênis (cultura local) e corri pra ver se havia movimento na área da churrasqueira e, para minha total felicidade, havia muita gente lá!

Os gêmeos Samantha e Stas (russos, mas descendentes de coreanos), o japonês ShoHei, meus pais (Michael e Ellen), mais e a querida Mikki já degustavam contentes das suculentas costelinhas suínas e espetinhos de frango. Juntei-me ao grupo e começamos a conversar.

Muitas curiosidades sobre o Japão e outros assuntos depois, Michael iniciou um daqueles que prendem a nossa atenção e que nunca conseguimos evitar: histórias de incidentes com espíritos no hospital onde trabalha durante o turno da noite. Apesar de bastante cético sobre o assunto, não dá para evitar a vontade de continuar, visto que sou fã do seriado "Ghost whisperer" (sussurro de fantasma). E ele contava histórias tão eletrizantes, que me sentia como se estivéssemos sentados em volta de uma fogueira num típico acampamento adolescente. Meio fantástico mundo de Bobby, eu sei, mas quem me conhece, sabe que sou muito mais divertido desse jeito.

Pausa, só mesmo porque nossa "mommy" queria servir um chá japonês preparado especialmente em homenagem ao nosso novo irmão. Daí já viu, né! Uma embalagem com aquelas letrinhas confusas do Japão, um representante oficial do local e Fábio Bastos no mesmo bat-lugar não poderiam resultar em outra coisa, botei o rapaz pra ler todos aqueles kanjis, traduzir para o inglês e ainda me ensinar a falar tudinho em seu idioma natal. Alguém tinha de ter filmado...

Para promover uma maior socialização, saquei uma ótima carta da manga: meu jogo CAN-CAN (semelhante ao UNO, pra quem não conhece). Como não lembrava das regras, tive de reler o manual e então foi a vez do novo amigo oriental se vingar e tive que ler tudo em português e traduzir para o inglês. Muitas risadas e momentos felizes se sucederam.

Depois de tudo e um telefonema via skype para a querida Natália (a amiga da despedida de um dos posts anteriores), nem parece, mas já era quase onze da noite. Recolhi-me rapidamente e vim contar a história pra vocês. Apesar de cansativo, é sempre um prazer compartilhar.

Obrigado por me estimularem neste trabalho, pois, além de fazer bem pra vocês, afaga o meu espírito. 

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I'm not sure if I will be able to translate something before coming back to Brazil. I'm so sorry. If somebody could help me in this issue, I'd be so glad about that.

2 comentários:

  1. Oi Fabinho!!!
    Fiquei feliz de vc ter lembrado de mim!
    Escreva sempre pq eu sempre venho aqui no blog p ver se tem atualizações.
    Estou acompanhando tudinho!
    Vc chegou a entrar na loja Michael Kors?
    É fácil de vc ir nesse shopping?
    Grande beijo!
    Jac

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  2. Olá, Fábio" \o/ Grande contador de histórias e relatos do cotidiano, com muitas pitadas de humor! E quem não gosta disso? Ah, meu querido amigo, quando você disse: "Alguém tinha de ter filmado...", logo me vi na cena, toda empolgada e sem nenhum constrangimento registrando tudo e sem entender nada. Risos. Somos parecidos, um tanto de palhaço e outro de poeta... Enfim... Seguindo diariamente nas leituras e feliz da vida!
    Vamos que vamos!
    Beijos!
    @soniasalim

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